Por Marco Túlio Loureiro Linhares
O fatídico 13 de novembro
de 2017 marcou não somente a ausência de uma das maiores seleções de futebol do
planeta do Mundial da Rússia, mas também soterrou qualquer possibilidade do
meio campista brasileiro de origem, Jorginho, de defender a seleção brasileira.
Peça fundamental no Napoli de Maurizzio Sarri, a Azzurra não tardou em naturalizar o jogador, enquanto Felipão,
Dunga e Tite, em virtude da insistência em certos medalhões, deixaram escapar
por entre os dedos um ótimo jogador. Ah... se naquele 6 de
julho, Jorginho estivesse desarmando Lukaku e evitando o contra-ataque que
culminaria no segundo gol belga, e na consequente eliminação da seleção
brasileira da Copa do Mundo. Talvez a história fosse contada por pinceladas diferentes.
De qualquer forma, apesar dos pesares, essa pauta já vencida não tem mais
serventia, senão olharmos, assim como faz um professor de história, para os
erros do passado e enfim evitarmos os mesmos erros futuros.
Do contrário da cegueira brasileira, logo que
chegou ao Chelsea, Sarri fez questão de trazer consigo um de seus principais
pilares no Napoli, Jorginho. E que contratação. O ítalo-brasileiro chegou para
tomar conta do meio campo dos blues. Adaptação? Desculpe, mas em seu dicionário
não há espaço para esse tipo de palavra. Logo que assumiu a camisa de número 5,
Jorginho, juntamente de Sarri, modificou a filosofia e o estilo de jogo do
Chelsea. E o treinador italiano sabe da importância em ter seu maestro em campo para que a
orquestra toque conforme a música proposta. Jorginho recebe a bola na frente da
defesa e distribui o jogo. Recebe, passa e dá opção para receber do
companheiro. Recebe de novo, levanta a cabeça e faz um belíssimo lançamento.
Gol do Chelsea. Assistência de Jorginho. A filosofia de jogo de Sarri - o
sarriball - faz com que o time toque mais a bola e de forma mais rápida e
vertical. E todas as bolas passam nós pés do italiano. No último dia 26,
Jorginho atingiu seu auge até o momento com a camisa do Chelsea, contra o Newcastle em St. James Park. Foram 158 passes
certos contra apenas 131 de todo o time adversário,
marca essa que fez dele o terceiro maior passador em um jogo na história da
Premier League. Ainda em números, segundo o site de estatísticas Whoscored, Jorginho tem uma média de
104,3 passes por jogo, com um percentual de acerto na casa dos 92%. A título
comparativo, nenhum jogador do Manchester City de Pep Guardiola, nessa Premier
League, igualam os números do volante dos blues.
Os zagueiros, Stones e Laporte chegam perto.
O fato é que se esperava
bastante da contratação Jorginho, mas o que temos visto até então é um deleite
aos olhos de qualquer amante do futebol. É mágico poder acompanhar o talento e
a tranquilidade de um jogador de tamanha classe e, mais que isso, é bonito ver
um profissional provando seu valor e evidenciando, mais uma vez, a incompetência da CBF enquanto instituição e dos gestores
do futebol brasileiro. Sorte a nossa, torcedor do Chelsea, poder contar com a
qualidade de Jorginho. Azar o nosso, torcedor brasileiro, ter de conviver com
mais um talento perdido.
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